O ministro da Economia de Portugal, António Pires de Lima, anunciou para Junho a criação do Observatório de Investimento entre Portugal e Angola, afirmando que os portugueses com projectos ou investimentos no mercado angolano beneficiarão do “olhar clínico” da nova entidade.
“T odos os portugueses que tenham projectos de investimento em Angola ou investimentos em curso em Angola serão alvo de uma atenção, um olhar clínico por parte desse observatório, que terá a sua primeira reunião no dia 22 de Junho”, em Luanda, adiantou António Pires de Lima.
O ministro foi questionado sobre a criação do Observatório na sequência da visita à fábrica de Brenes da Sovena, depois de o presidente da empresa portuguesa, António Simões, ter referido que espera “voltar a ter negócios em Angola”.
Em Outubro do ano passado, António Simões afirmou que estava a preparar um projecto industrial em Angola, aguardando a autorização das autoridades competentes para “voltar a ter operação industrial em Angola”.
Além disso, adiantou então que uma primeira fase de desenvolvimento da fábrica, que se destina ao embalamento de óleos, o investimento previsto era de 8 a 10 milhões de euros, mas “será significativamente maior” se se completasse todo o projecto.
Hoje, António Simões nada mais avançou, mas questionado sobre se este assunto será abordado pelo Observatório do Investimento, Pires de Lima deu aquela resposta, afirmando desconhecer os detalhes da operação da Sovena em África e frisando apenas que “crescer em Angola implica persistência e capitais pacientes” e “que essa é seguramente uma competência que a Sovena tem de sobra”.
A primeira reunião do observatório, marcada para 22 de Junho, decorrerá em Luanda em vésperas do Fórum Empresarial Angolano, que visa fomentar a diversificação da actuação das empresas e identificar as sinergias para investimentos conjuntos em países terceiros.
A criação do observatório tinha sido anunciada em Dezembro pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, afirmando na altura que estavam a ser ultimados acordos nas áreas da economia e do comércio e que o observatório tem como objectivo “a acompanhar a evolução dos projectos dos angolanos em Portugal e dos portugueses em Angola”, procurando “promover fluxos de investimento reforçados”.
Recorde-se que o fórum entre empresas de Portugal e de Angola, inicialmente previsto para o primeiro quadrimestre deste ano, foi adiado para Junho, segundo a recalendarização anunciada no dia 2 de Março por Pires de Lima.
Em declarações, em Lisboa, à Rádio Nacional de Angola, António Pires de Lima confirmou nesse dia a realização deste fórum, anunciado em Janeiro também pelo ministro Rui Machete durante uma visita oficial a Luanda.
“Nós vamos este ano, em Junho, ter em Luanda um fórum empresarial, é algo em que estou a trabalhar também com o senhor ministro da Economia de Angola”, disse Pires de Lima, na declaração emitida pela rádio pública.
O adiamento deste fórum visa aproximar o evento à realização da anual Feira Internacional de Luanda, o maior evento do país..
“Eu creio que é muito bom que os empresários angolanos apostem em Portugal. Creio também que é muito importante que os empresários portugueses possam continuar a apostar e a investir em Angola”, acrescentou o ministro da Economia português.
Também o primeiro-ministro português Pedro Passos Coelho recordou que o mercado angolano é o quarto principal destino de exportações de Portugal, e o número um fora da União Europeia.
“E a relação, de resto, com Angola é muito especial, como todos sabem”, afirmou o primeiro-ministro, na declaração à rádio angolana.
Mais de 9.000 empresas de Portugal exportam actualmente para Angola e cerca de 2.000, angolanas, são participadas por capital português, segundo dados da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).
Em 2013, as trocas comerciais entre os dois países ascenderam a 7.000 milhões de euros. Deste total, 3,1 mil milhões de euros foram relativos à exportação de bens e 1,4 mil milhões de euros de serviços, em ambos os casos de Portugal para Angola.
A 12 de Janeiro, durante a visita a Luanda, na presença do homólogo angolano, Georges Chikoti, o ministro Rui Machete anunciou a realização deste fórum empresarial até Abril.
“Será um fórum de empresas portuguesas que vêm a Luanda discutir os problemas dos investimentos, das exportações, das importações, com empresas angolanas. Será este ano ainda, no primeiro quadrimestre”, explicou, na ocasião, Rui Machete.
Em simultâneo, igualmente até Abril, deveria ser assinada a constituição deste observatório empresarial das empresas portuguesas e angolanas.
“Basicamente é monitorizar aquilo que são os investimentos e o comportamento das empresas, angolanas e portuguesas, para as ajudar a desenvolver melhor os seus negócios e prevenir alguns erros que eventualmente ocorrem”, disse ainda Rui Machete.
Estas medidas, segundo explicou o governante português, visam “continuar a impulsionar as relações” entre Portugal e Angola, que começam a “adquirir um grau de complexidade”.
António Pires de Lima disse ainda que o seu Governo está “a acompanhar de perto” a situação das empresas portuguesas em Angola para minimizar o efeito da restrição às exportações para este país.
Pires de Lima sublinhou que os números das exportações “são muito positivos” independentemente das dificuldades das empresas portuguesas em Angola e que o Governo “está a acompanhar de perto, para minimizar o impacto que se vive neste momento num país que ainda têm uma economia muito dependente do petróleo”.
O ministro salientou que as vendas ao estrangeiro bateram recordes em 2014 e que as empresas nacionais exportaram no ano passado quase mais 40% do que se exportava em 2009.
“Em 2015, apesar de algumas situações mais complexas que precisam de ser acompanhadas pelo Governo, como Angola, estou convicto de que a economia portuguesa vai crescer mais ainda”, reforçou, notando que a evolução do euro também ajuda esta dinâmica de exportações.